segunda-feira, 7 de março de 2016

As Mulheres em Overwatch



Overwatch é o próximo jogo da Blizzard, uma empresa conhecida por jogos que sugam sua vida sempre possuem um profundo universo. E o primeiro FPS da compania.

Como esperado, o jogo possui um mundo muito rico e personagens bem marcantes (eu sei porque não ganhei beta key e matei a vontade lendo todo o Lore). Mas se tem uma coisa que me chamou a atenção foram as mulheres de Overwatch e suas histórias.

Por que, jovem gafanhoto-blogueiro? Simples, pelo motivo básico e fantástico de que a história destas personagens não giram em torno dos homens mas em torno de si mesmas.

No mundo das histórias - e em consequência das histórias dos filmes e jogos - existe um fenômeno que é o das mulheres que não possuem papel próprio na história. Elas estão lá, mas elas servem como um apoio dos homens, que são os verdadeiros heróis. Elas buscam o amor do homem, ou ajudar o seu homem ou proteger o seu homem ou, no máximo, a sua família.

Algumas vezes, inclusive, elas não possuem função verdadeira na história, como é o caso da Megan Fox na franquia Transformers.

E daí entra Overwatch, que trás algo que já deveria ter sido superado em pleno século XXI, mas que ainda não é uma tendência consolidada: mulheres cujo enredo giram em torno de si mesmas, e não dos homens/familia delas.

A começar pela protagonista, Tracer.


Tracer (Lena Hoxton) é uma ex-piloto de elite que adquiriu uma doença única ao testar um novo modelo de caça teletransportador. Agora, ela sofre de dissociação do tempo, e não consegue se manter presa no presente sem o auxílio de aparelhos. Não há cura para seu transtorno. Porém, apesar da sua situação terminal que compromete inclusive sua qualidade de vida, Tracer usa sua nova condição para defender os seus ideais de justiça e ordem. Imagine o quanto ela não deve sofrer pela sua condição única, o quanto ela não deve se arrepender um pouco todos os dias, o quanto ela não se sente prejudicada em um golpe cruel do destino - e, ainda assim, ela abraça os efeitos colaterais de sua doença sempre mantendo uma postura de otimismo.

Uma história bem intensa, ao meu ver. E aí vem a pergunta de ouro: Onde entra na história de Tracer a figura de um homem? Em lugar nenhum! Tracer é uma personagem que se mantém sozinha, que possui seu próprio enredo, que não precisa de outra figura para que possa ter função na história de Overwatch.

E assim como Tracer, existem outras personagens com ótimas histórias. Mercy (Angela Ziegler) e Mei-Ling são cientistas cujo enredo gira em torno de seus trabalhos e contribuições para o mundo, Pharah é uma guerreira de segurança que procura seguir os passos da mãe, em uma abordagem interessante de mulheres seguindo mulheres. Symmetra (Satya Vaswani) é uma moça que não teve escolha na vida a não ser seguir sua companhia contratante e que questiona seus próprios ideais. Zarya, a russa musculosa e do cabelo rosa, questionadora dos padrões de beleza, possui sua história centrada nos seus ideais e sacrifício de carreira em prol do seu nacionalismo. Já D.V.A. (Hana Song) é uma garota de apenas 19 anos cujo enredo um tanto quanto surreal gira em torno do uso de suas habilidades de jogadora profissional de Starcraft II no combate de Mechas que combatem ameaças advindas das profundezas.

Sem contar que as personagens estão vestidas.
A única personagem que eu acho que possui a história mais centrada em outra figura masculina é a de Widowmaker (Amélie Lacroix), cujo ponto central é sua lavagem cerebral e transformação em uma arma para eliminar o próprio marido. E que hoje ela é um tipo de soldado ao mesmo tempo em que é uma vítima de uma organização criminosa que apagou sua identidade.

Widowmaker: Vítima e Vilã
Enfim, para mim Overwatch é um jogo que trouxe um elemento que nem deveria ser mais tão chamativo em pleno século XXI: mulheres com uma história própria, que não gira em torno de outrem, que possuem função própria. Que não estão lá apenas para dar apoio a outros homens, ou salvá-los ou reafirmar seu papel de mãe - tendo em vista que as mulheres possuem vários papeis.

Ver esta representação é um pequeno passo dentro do caminho para um mundo onde as mulheres sejam melhor respeitadas e valorizadas. Faltam outros, claro, como respeitar as mulheres gamers no mundo dos jogos, parando de ofendê-las e ameaçá-las de estupro, e defendendo as minas quando estas coisas acontecem no mundo dos jogos.


Se lembre do que Tracer disse no trailer de Overwatch: "Novos heróis são sempre bem vindos".






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