domingo, 12 de junho de 2016

Chacina da Boate Pulse - e a cadeia da violência



Hoje, dia 12 de Junho de 2016, houve mais um Massacre nos EUA.

Até aí "nada demais", por assim dizer. Explico: Desde o massacre de Sandy Hook, em 14 de Dezembro de 2012, já houveram 998 massacres no país. Isso dá uma média de 1,09 massacres por dia. POR DIA!

O que faz esse massacre diferente é que desta vez ele aconteceu em uma Boate LGBT de Orlando, a Pulse.

Em primeiro lugar, não é porque a boate é LGBT que o massacre é pior ou a dor da família dos mortos é mais importante. O ponto não é este, mas o que representa este ataque: Homofobia. A ideia de que os homossexuais são pessoas doentes ou merecem morrer.

"Ah, mas foi um ataque do Estado Islâmico, não tem nada a ver com Homofobia, mas sim com Fundamentalismo Religioso". Em primeiro lugar, não existe prova definitiva de que ele foi orientado pelo Estado Islâmico. Aparentemente, não foi isso. Ele se inspirou sim no E.I. mas agiu por conta própria, por própria convicção. 

"Tá, mas o que é que isto tem a ver com a gente?"

TUDO!!!!!


Segundo o pai do assassino, ele viu um casal gay se beijando em Miami e ficou muito incomodado. Encontrou espaço na máxima "Não quero que crianças vejam este tipo de coisa". Encontrou o discurso religioso fundamentalista. Se sentiu legitimado com os discursos homofóbicos, com as ideias de que os gays merecem morrer. "Gay que não se presta ao respeito, depois acontece alguma coisa, não pode reclamar". Quem nunca ouviu algo do tipo?

Discursos Homofóbicos LEGITIMAM ideias homofóbicas, e alimentam o sentimento de amparo das atitudes que agridem e matar a população LGBT. Alguém pode até pensar "Ah, mas então um comentário dizendo que ser gay é errado/doença vai fazer um cara sair atirando? Não consigo enxergar isto!". Bem, é verdade que um comentário destes sozinho não vai ser a justificativa para uma pessoa a cometer esta ou outras formas de violência. Mas este comentário, ele não existe sozinho, ele existe dentro de uma corrente de comentários machistas e homofóbicos. Toda vez que alguém faz um comentário homofóbico ele alimenta essa cadeira que legitima as violências. Independente do comentário ser "leve ou pesado".

No Brasil se relativiza muito a homofobia, outra forma de contribuir com ela
E o link com a comunidade gamer?

Pois bem, faz apenas cinco dias que eu falei sobre um jogo cuja proposta é atirar em gays e trans, e poupar os héteros. Sério, faz apenas cinco dias! E o principal argumento da empresa para defender o seu jogo que contém assassinato da população gay? De que o mundo está muito chato. E de onde a empresa tira o sentimento de legitimidade para afirmar isto? Dos comentários machistas e homofóbicos da comunidade gamer. Esses comentários fazem parte da cadeia que alimenta as violências lgbt.

Vamos repensar nossas atitudes, comunidade gamer? Já não basta os níveis de toxidade que mulheres e lgbt's enfrentam a mais? Já não basta o desconforto causado, as ofensas e as vezes humilhações? A comunidade gamer ainda por cima deve fazer parte da cadeira de violência, como mais um elemento, mais uma força? Ou podemos fazer diferente?

Fica a reflexão!



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